MOTOR ELÉTRICO é uma contínua pesquisa/sessão de improvisação livre permeanado suas canções ao lado de Maria Beraldo (clarone/clarinete/voz) e Guilherme Held (guitarra).

Marcelo Cabral, ao longo de 20 anos de carreira, desenvolveu um estilo único de tocar contrabaixo: não é como se o baixo fosse um instrumento de apoio, mas ao contrário, um instrumento contrapontístico, solista, porém, sem afetação virtuosística, numa constante construção melódica, com linhas emocionalmente profundas e sutis, que conduzem, sim, o instrumental da canção, mas não só, pois poderiam ser letradas virando canções dentro da canção.

Esse trabalho de artesão de linhas de baixo encontra ressonância elementar quando Cabral passa a compor no violão de 7 cordas, instrumento paralelo, mas não menor, na vida do baixista. As canções nascem com arranjo de baixo, mas numa linguagem diferente do que fazia, e também personal em relação aos trabalhos onde o 7 cordas é a base. Está feita alquimia: seu estilo melódico e harmônico que, em si, já junta influências, em tese, distintas, como o Western de Ênio Morriconi e o pós-Jobim do Guinga, tem sua estrutura fundada em um violão de 7 cordas que conduz e aprofunda, no mesmo sentido estético de seu contrabaixo. Em seu jeito arranjar as cordas sinfônicas, Cabral ainda amplifica o resultado de sua pesquisa, reforçando o Western macarrônico com pitadas de ironia “tarantinesca”.

Por fim, no palco, acontece readequação dessa filosofia musical, delegando funções de instrumento a instrumento, mas sem diluir, em hipótese, essas conquistas musicais.

Marcelo Cabral - voz e guitarra

Maria Beraldo - voz, clarinete e clarone

Guilherme Held - guitarra

Olivia Munhoz - luz